sábado, 28 de fevereiro de 2009

BONDOSA MESTRA

(in memorian)
Era como uma brisa suave...
Olhar sereno tinha bom coração!
Ensinava as letras com sabedoria,
Com paciência e muita dedicação.

Se aos alunos cuidava com zelo,
Imagine seus filhos!Como seria...
Sua voz era meiga, firmeza no olhar.
Maria do Carmo uma mestra singular!

Como uma brisa suave ela se foi,
Deixando todos saudosos na terra.
No céu, com harpas, violinos e liras,
Milícias de Anjos cantaram por ela.

08/12/2005

DEMASIADAMENTE IQUAIS

Nascemos com nossas diferenças! __ Seja em raças, culturas, etnias, carga genética, o certo é que achamos que somos demasiadamente diferentes em tudo do nosso semelhante.
Crescemos com a idéia de sabedoria, poder e independência, de preferência gostamos mesmo é de viver em guetos.
Gostamos de pensar que somos suficientes e nos bastamos!
Assim, vamos vivendo neste planeta terra nos achando.
Que mistério é este que tanto envolve e seduz a nós humanos, a ponto de pensarmos que somos imortais???
Nascemos chorando. Todos, ao nosso redor: Sorrindo! Talvez, do lugar escuro de onde viemos (o útero), tenhamos a intuição misteriosa, que voltaremos a qualquer momento, para outro lugar escuro: A sepultura!
Que sentimento estranho de solidariedade póstuma, acomete a nós humanos, quando nos deparamos diante da morte?
Não estamos aqui falando da morte dos nossos amados, por estes nós sabemos como chorar de verdade, rasgando nossas emoções.
Falamos da morte alheia, daquela mais distante, que nos desarma e choca como se fosse à nossa.
A ação do tempo é devoradora, porém nós nos debatemos diante do mistério da vida que clama em nós, queremos viver!
Golpeamos nosso corpo a uma escravidão volitiva de enganos, de que somos imortais ou então que viveremos tanto, que somente sairemos daqui quando estivermos senis de tal maneira, que nem perceberemos a força brutal com que fomos arrancados dessa grande teia que chamamos vida!
E... nessa cadeia misteriosa, somos tão demasiadamente iguais na nossa fragilidade diante da vida física, que quando nos deparamos com a força alheia da morte, somos solidários e fraternos, não ao nosso próximo que partiu, mas, sim a nós mesmos, que já nascemos condenados!

SSALA – julho de 2007

sábado, 21 de fevereiro de 2009

RELAÇÕES HUMANAS

Cá entre nós... Cabe a nós pais e orientadores, já na primeira infância, incentivarmos nossas crianças aprenderem a brincar, de maneira lúdica com outras crianças, para bom desenvolvimento psico-social.
Não acredito de maneira alguma, que uma criança que tenha tempo para brincar com outros coleginhas, venha a ser no futuro um preguiçoso!
Somente interagindo com outras pessoas, podemos adquirir experiências para a vida.
O contato com a natureza, com o outro, com animais de estimação, é de extrema importância na formação da personalidade de nossas crianças.
O grande “vilão” no excesso de atividades na infância e conseqüente falta de brincadeiras pode ocasionar bloqueios na interação, dificultando assim a sociabilidade, pois, criar vínculos vem do olho no olho, da fala, do afeto que é o gerenciador do nosso equilíbrio emocional dentro do nosso contexto social.
Quando brincamos na infância, aprendemos a usar de cumplicidade, a empatia nos leva a aprender princípios, valores e regras, segregando em nós quando adultos a ética, seriedade e compromisso com o semelhante de um modo geral.
Privar uma criança de brincadeiras e contato com outras crianças é correr o risco de comprometê-la na área social-afetiva.
O brincar é uma grande forma de amar, quando nos dispomos a gastar um pouco de tempo, damos o melhor de nós, criando assim fortalecimento benéfico na personalidade da criança.
Outro vilão feroz nos lares é a “falta de tempo”. Precisamos gastar um pouco que seja do nosso “precioso tempo” com nossas crianças a fim de que elas possam responder de maneira satisfatória no futuro.
“Estresse infantil” é causado muitas vezes por falta de atenção, de brincadeiras na primeira infância. Não devemos “roubar tempo” de nossas crianças, com distanciamentos, acúmulo de tarefas e nenhum tempo para distrações.
Brincar de maneira saudável, com limites e horários previamente estabelecidos, cria redes de relacionamentos e ensina a criança a ir com disciplina em qualquer brincadeira ou situação.
Já na primeira infância fica definido o nosso grande facilitador nas relações humanas!!!
“A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou; mas hoje, vendo que o que sou é nada, quero ir buscar quem fui onde ficou” (Fernando Pessoa).

SSALA – setembro 2007

IRMÂ GENTIL

Para Sônia

Sobejada elegância na arte de bem servir,
Olhar meigo e clínico..., esmero no vestir.
Fino paladar, com doces iguarias a nos tentar!
Dia a dia quebrado de rotina, mil novidades...
Jamais repete vida de sonho, beleza e ARTE
Irmã gentil gosta de festa sem nunca cansar.

Assim sonha! Perfumando, suavizando, eternizando,
Detalhes aqui, lá e acolá, sempre arte a espalhar,
Sonhar com Sônia é sonho, harmonia, arte, é belo!
Tecendo panos, sobremesas e bolos arquitetura plena,
Nossos sentidos e emoções, ela vai sempre mexendo,
Pura magia Magic Sônia vive na arte enternecendo!

Elegante e cativa trabalha disposta irmã gentil
Mesa bonita prato elaborado ficamos extasiados,
Magic Sônia adoça quem chega com doce nobreza,
Chocolate... Morango com chantilly sempre servir
Com arte e magia, vai criando, recriando, adoçando,
Maga Sônia é mega sonho! Beleza e arte festejando.

Agosto de 2008

sábado, 14 de fevereiro de 2009

MATUTO NA CIDADE

Seu nome era José
Que na cidade chegou
Ficando logo assustado
Com as novidades,
Que logo encontrou...

Aqui era tudo estranho,
Cedinho saía pra trabalhar
E no vaivém daquele lugar,
O transporte aprendeu usar.

Muié virou mulher,
Cumpade virou compadre,
Amigo aqui era “Bicho”,
E namorar era “ficar”...

José ficou preocupado,
Com as diferenças aqui,
E, com saudades da roça,
Não conseguia mais sair.

O tempo foi passando,
Saudade foi aumentando
José encabulado ficou.
Então resolvido falou:

Vou procurar seu Doutor,
Que de quebra lhe receitou
Remédio pra depressão...
José assustado falou:

Sabe, seu Doutor?
Do lugar de onde vim
Sôdade é curada assim,
Toma café bem cedinho,
Óia o céu azuzinho,
E co’enxada na mão,
Espanta “danada” pra longe...
Vivendo uma vida mió!

05/11/2005

PÃO NOSSO DE CADA DIA

“O pão nosso de cada dia”, é uma referência a tudo o que necessitamos para sobrevivência: Pão, água, calor e o lar, o trabalho e a comunidade e sem a providência Divina, fica difícil o dia a dia carregado de sustos e incertezas.
DEUS dá-nos a terra sobre a qual cresce o trigo e o arroz, a mandioca e o milho. O fruto da terra e do trabalho dos homens, a fim de que haja partilha com os que têm fome...
Um visitante estava admirando uma fazenda bem cuidada de um amigo. “Deus e você fizeram um belo trabalho neste lugar”, comentou o visitante. “Estou admirado como tudo está bonito.”
O fazendeiro respondeu rispidamente: “Você deveria tê-la visto quando DEUS cuidava dela sozinho. Não era nada mais do que carvalho mirrado e amoreiras silvestres”.
Vemos neste comentário soberbo orgulho e rebaixamento da divindade, e talvez tenhamos notado a brecha no raciocínio do fazendeiro.
Quando Deus cuidava, ele mesmo, do mundo, tudo era muito bom, (Gênesis 1.31), porém quando entra o homem na história da humanidade, ai sim, vem o caos.
Foi ele (o homem), quem fez a desordem em todas as coisas, em todo lugar, as populações estão explodindo, fazendeiros estão cortando e fazendo queimadas (em florestas), de maneira impiedosa, buscam fazer plantações em terras que somente permanecem férteis por pouco tempo (antes de se tornar deserta).
O mau uso está arruinando a terra. A fome persegue a humanidade de maneira assustadora porque o homem governa o mundo a seu modo ignorante e egoísta.
Vivemos numa sociedade consumista, mimada, cada qual por si tendo dificuldades em enxergar outra realidade diferente daquela vivida (cômoda e fácil), estacionamos reais valores e entramos numa cadeia viciosa de superfluidade.
Nunca duvidamos do aparecimento de nossa próxima refeição, tampouco tememos o frio por causa de nossas roupas esfarrapadas e assim vamos vivendo sem crescimento espiritual reflexivo e diário.
Daí surge uma pergunta? __ Como seria se de repente eu perdesse tudo, meu conforto pessoal, minha bonita casa, meus dois ou quem sabe três bonitos carros?

Ficamos assustados por um milésimo de segundo (batemos numa madeira), para espantar os maus espíritos e nossa mente novamente fica povoada de “outro pão”, que não seja o material que graças a DEUS é sempre abundante na nossa mesa.
A humanidade sofre de um mal infeccioso (indiferença e egoísmo), está pouco ligando para as mazelas daquele que realmente sofre.
Assistimos todos os dias a tragédias, calamidades, desabamentos, secas... Outros tantos tocam suas vidas como se nada acontecesse.
E nesse desequilíbrio de sentimentos, perdemos a sensibilidade, a capacidade de chorar (literalmente deserta) de emoção, a humanidade caminha a passos largos para o caos total.
O pão é o mais importante entre todos os alimentos. Em todas as culturas. Tanto que a FAO (Organização das nações Unidas para Agricultura e Alimentação) lhe rende homenagens, tendo no seu logotipo a frase “Fiat Panis” ( Faça-se pão), inspirada na frase bíblica “Fiat Lux” ( Faça-se a Luz). É o mais simbólico dos alimentos, também.
Ainda está em tempo! Faça alguma coisa, fale ao faminto (em termos de pão) e esperança permanente, pois é por ele que devemos orar todos os dias, é pela graça de Deus que comemos e vivemos cada dia de nossa vida, assim agindo, o resto não fica demasiado em nós!
“Mais importante do que ter pão é partilhar o pão”. Dom Hélder Câmara.

SSala - Novembro de 2008

sábado, 7 de fevereiro de 2009

LADRÂO DE NOSSAS ALMAS

Dizem que o “pior ladrão” é aquele que rouba a nossa alma.
__ Mas, de que maneira isso poderá acontecer? Talvez, quando levantamos um falso testemunho, quando julgamos com injustiça, quando falamos mal do nosso semelhante, são atitudes grosseiras, que teimam povoar o imaginário humano.
A respeito do julgamento severo de uma sociedade perversa e corrupta, recheada de “doutores” da lei, vimos, há mais de dois mil anos atrás, em Israel uma mulher sendo pega em adultério e humilhada em praça pública por hipócritas escribas e fariseus, não foi vitimada, por conta de um jovem, que ousou desafiar “o sistema” apenas com poucas palavras: Aquele, que não tiver nenhum pecado, atire a primeira pedra!
__ E, para espanto daquela miserável criatura, todos os seus acusadores literalmente fugiram cabisbaixos, sem condições de encarar a si próprios, tampouco o MESTRE.
Ele acreditava que, ainda que ela estivesse errada, sendo estigmatizada como pecadora desprezível e pessoa indigna era possível fazer algo por ela.
É fundamental estender a mão, acolher e garantir esse processo de transformação do indivíduo, para que no tempo certo e de forma adequada a pessoa seja recuperada em sua dignidade e auto-estima.
Desta forma poderemos ver e conviver numa sociedade mais justa e fraterna.
Que Homem marcante! Que vida singular!
O REI DOS REIS! ___Ele, que descartou a possibilidade de um trono terreno por ter conhecimento de sua falibilidade, implicações e falta de valor real!
Sempre usava de misericórdia para com os excluídos irmãos, abominando a aparência frágil das coisas.
Talvez, se julgássemos os outros na medida em que gostaríamos de ser julgados, haveria menos sofrimento entre nós.
Gosto da máxima de Bernard Shaw quando diz:
“Num julgamento, a ira é má conselheira; a piedade é às vezes pior, mas não devemos esquecer a misericórdia. Lembremos apenas que a justiça vem antes”.
William Shakespeare vaticinou a respeito dum julgamento infiel da seguinte maneira: “Quem me rouba a honra priva-me daquilo que não o enriquece e faz-me verdadeiramente pobre.

MÁSCARA

Desde sempre íntimas amigas
Inseparável, sombria ela me conhece.
Me conhece por inteiro, mesmo quando
Me escondo, no inconsciente do meu porão,
Penso e transgrido, mas, minha máscara sombria
Fiel companheira está a postos para me consolar.
É como se fôssemos uma só pessoa...
Uma dualidade de almas a se mascarar.
Uma não fica sem a louca companhia da outra.
Por vezes fico cansada...
Então tento destruí-la
E penso numa maneira feroz de esmagá-la...
Pressentindo minha animosidade, ela aquiesce, sorri,
Desaparece...
E eu fico numa alegria desassombrada,
Sorrio do nada, faço piruetas, parecendo liberta!
Como uma sombra, lá está ela, no porão da minh'alma...
Fazendo presença forte dentro de mim, é uma relação de
Amor enfermo e neurótico...
Uma junção de almas,
Como dizem os loucos amantes...
E assim vamos nos
Enganando, nessa conivente congruência, tentando
Enganar aos outros com nossa máscara compulsiva.