sábado, 4 de abril de 2009

LINHA DIVISÓRIA

Por que será que temos de estar vigilantes ante nós mesmos? Que mistério é este que não conseguimos decifrar de maneira clara que é a linha divisória do nosso consciente-inconsciente, fronteira que não devemos ultrapassar?
Nascemos dotados de uma razoável carga genética, herança dos nossos antepassados, o resto adquirimos no decurso da nossa vivência no âmbito familiar e social, existindo em nós uma fronteira misteriosa e obscura de onde brotam as paixões, o medo, a criatividade e a própria vida e morte.
Por que será que existem pessoas voltadas para servir, preservar, amparar, socorrer, acudir e outras cujas metas parecem ser destruir, roubar, matar, engendrar crimes com requintes de crueldade, até contra seus próprios pais, como temos visto de maneira assustadora nos jornais e noticiários de TV?
O que será que leva uma jovem a tirar a vida dos seus pais de maneira tão cruel e perversa, ou então um pai a usar sua própria filha, com apenas dois anos de idade, em atos libidinosos e obscenos?
A raiz dos problemas pessoais está justamente na falta da autoapreciação. Quem se deprecia caminha para o abismo da solidão. Sem ao menos perceber, afasta-se pouco a pouco de todos os seus e principalmente de si mesmo. E isso é absolutamente fatal para a construção de uma personalidade sadia.
Reações contrárias, imprevistas e imprevisíveis distorcem o que poderia ser uma personalidade equilibrada. Reações observadoras e positivas despertam e reforçam uma personalidade firme e forte que poderia estar até então adormecida.
Porem, que misterio é este que envolve nosso inconsciente quando ultrapassamos esta fronteira misteriosa e, nos lançamos num lago escuro de águas profundas, sem direito a uma emersão?
Necessariamente precisamos andar em eterna vigilância, pois não somos donos de nós mesmos, somos sim o resultado de nossas escolhas... Porém, muitas vezes não temos direito a escolhas, somos literalmente jogados num profundo abismo, e aí que fazer?
Existe em cada um de nós, uma linha divisoria tênue, basta haver um qualquer mínimo deslize para que fiquemos completamente sem norte.
Devemos gravitar no Universo de maneira cautelosa e vigilante, de maneira “leve”, mas com personalidade firme. Livres, mas com freios. Seguros de nós mesmos, porém sem desprezar as dúvidas. Conquistando sempre, mas levando em consideração as eventuais e prováveis perdas. Com desafios e dificuldades, mas com a consciência de que tudo isso forma um Todo, que é uma personalidade apreciada por si mesma, apreciando os outros e sendo apreciado pelos mesmos... Somente assim poderemos viver de maneira coerente e razoável, numa parceria com o social e o humano.
“A criança eterna no homem é uma experiência indescritível, uma incongruência, um empecilho e uma prerrogativa divina; um imponderável que determina, em última instância, o valor ou desvalor da personalidade” (Jung).
Jung acreditava que cada indivíduo tem, durante sua vida, a tarefa de uma realização pessoal, o que torna uma pessoa inteira e solida. Essa tarefa é o alcance da harmonia entre o consciente e o inconsciente.

Nenhum comentário: