sábado, 7 de março de 2009

REFÉNS DO MEDO

O questionamento é universal e constante. Somos reféns desse sentimento (medo), que brota em nós, como uma erva daninha. Vivemos em inevitáveis buscas pela ordem, quando defrontamos diariamente com a desordem.
Com o nascer do dia, ansiamos por mudanças, porém nada acontece, ficamos como que aprisionados, encarcerados, nada pode ser feito, é caos!
Vemos o mundo através de caleidoscópio rodopiante, viajamos através de luz em busca de segurança. O tempo, uma angustia, no entanto a ele cedemos.
Temos ao nosso dispor, verdadeiro arsenal de objetos de suposta proteção contra possíveis inimigos, ainda assim continuamos em perigo.
O medo é o estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência.
Difícil mesmo é encontrarmos residências sem as famosas placas: cerca elétrica, cuidado com o cão, quando não, uma guarita com vigia. Carro sem alarme, definitivamente é utopia.
Porém, precisamos viver e ai? Como conviver com esse estranho sentimento do medo, que assola toda a humanidade?
Misteriosamente, nascemos chorando! É como se o impacto com o desconhecido mexesse com nossas emoções, parece que o choro é uma manifestação implícita de pedido de socorro.
Nesse distúrbio de emoções contidas, que deflagra conseqüências drásticas, com seqüelas, criamos então “cercas de proteção”, ficamos enclausurados, sem gosto de liberdade, juntos a uma sociedade sofrida e anônima, pois padecemos de uma doença universal desde os primórdios, quando o homem procurava se proteger em cavernas, de possíveis inimigos e perigos ocultos.
Ainda assim, queremos viver! Algo dentro de nós clama por vida. O sentimento de sobrevivência gira em torno de nós e ficamos sempre na “defensiva”, buscando uma capa de proteção. O homem é um animal pensante, forte e gregário, apesar da busca pela solidão, anda em caravanas, ainda que na defensiva...
Cercas elétricas, alarmes em carros, vigias noturnos, guaritas reforçadas e dose cavalar de adrenalina, nos motiva a vivermos juntos, nesta misteriosa caminhada, numa sociedade refém do medo e constante perigo.


2.15 – Em “Reféns do Medo” faltou falar um pouco mais sobre estarmos prisioneiros enquanto os criminosos estão à solta. Fale também sobre o incremento da violência motivado pelo narcotráfico. E acho que cairão bem algumas considerações sobre a escravidão ao dinheiro, a corrida louca pela sobrevivência e progresso dentro de uma sociedade altamente consumista e competitiva.


Setembro de 2008

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