sábado, 14 de março de 2009

IGREJA - ABORTO - ESTADO

Os teólogos cristãos (Gregório, Niceno, São Cipriano, Tertuliano), encetaram um combate contra a tese dos juristas romanos (mulieris portio). O feto não era uma simples parte do ventre da mulher, mas um ser dotado de alma. Os pensadores da Igreja proclamaram que o aborto é sempre um homicídio. O pensamento cristão marca uma linha divisória em relação à fase anterior, precisamente por afirmar o direito à vida do ser humano dotado de uma alma racional criada por Deus para a vida e não para a morte.
Em 1976 o Papa Paulo VI, disse que o feto tem “pleno direito à vida” a partir do momento da concepção, que a mulher não tem nenhum direito de abortar, mesmo para salvar sua própria vida. Essa posição se baseia em quatro princípios:
1- Deus é o autor da vida.
2- A vida se inicia no momento da concepção.
3- Ninguém tem o direito de tirar a vida humana inocente.
4- O aborto, em qualquer estágio de desenvolvimento fetal, significa tirar uma vida humana inocente.
Na doutrina religiosa dos protestantes, há um leque maior de atitudes em relação ao aborto. Encaram a questão de forma menos homogênea, apresentando enfoques mais flexíveis do que entre as autoridades da Igreja Católica Romana.
Há uma carta do arcebispo de Canterbury para o Jornal The Times, de Londres, na qual, pergunta: “Para a Igreja e para o Estado, a unidade do respeito moral é a pessoa humana. Quando o embrião humano se torna uma pessoa?”.
O Abade Downside mantém que “não há momento determinante afora o momento da concepção, no qual se possa razoável biológica e fisiologicamente determinar que se inicie a vida humana. Apesar disso, pra mim me parece difícil admitir que comece nesse ponto”.
No primeiro semestre de 2007, o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, declarou que o aborto é uma questão de saúde pública grave, que mata as mulheres e que precisa ser enfrentada pela sociedade e pelo Congresso Nacional.
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva também afirmou que o aborto é um problema de saúde pública e que o Estado brasileiro é laico, ou seja, não deve ter suas políticas orientadas por preceitos religiosos.
Em outubro de 2007, a Ministra - Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez uma defesa veemente da mudança de legislação para descriminalizar totalmente a interrupção da gravidez no país. É um absurdo que não haja a descriminalização do aborto no Brasil, pois essa não é uma questão de foro íntimo, mas sim de saúde pública, e precisa ser regulamentada, declarou em outubro de 2007 ao Jornal Folha de São Paulo. Foi muito aplaudida pela platéia que assistia ao evento.
Enquanto a Igreja e o Estado não se definem, vidas estão sendo dizimadas por compreensões diferentes do assunto, no momento, vemos o caso da criança de 09 (nove) anos, violentada pelo padrasto e grávida de gêmeos.
Será que a Igreja realmente se preocupa com o que passa na cabeça de uma criança de 09 anos, que fora violentada desde os 06 (seis) anos de idade, dentro de sua própria casa?
Para a igreja, portanto, aborto é mais grave do que estupro. Os médicos que o realizaram são piores do que o suspeito de pedofilia em Catanduva (SP).
Para Dom José Cardoso Sobrinho (Arcebispo de Olinda e Recife) estuprar crianças é pecado, mas não muito...
Trata-se do típico caso em que a igreja anda para um lado, enquanto o mundo e as pessoas para o outro, em sentido contrário.

SSala – 07 de março de 2009

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